ENTENDA O QUE É A "OITAVA DE NATAL".




"Quero lembrar o menino que nasceu em Belém". 
São Francisco de Assis

Paz e bem, queridos irmãos e irmãs! 

O céu e a terra estão exultantes, pois nasceu para nós um Salvador, Cristo, O Senhor! Nessa época do ano tudo a nossa volta se ilumina e a expectativa das festas é geral. Mas para nós católicos, inicialmente temos um tempo de contida alegria, expectativa e esperança que nos vai preparando para o grande dia: a vinda do Salvador, a encarnação do Verbo Divino, que ao mundo vem por meio do ventre santo de Maria e sob a proteção generosa de José. A igreja ainda se ornamenta de forma sóbria, sem muitos arranjos, com exceção das velas da coroa do Advento. Após essa preparação no período do Advento, iniciado na última semana de novembro, podemos entoar hinos de Glória pelo nascimento do Menino Deus. A igreja toda, em penumbra se orna inteira para receber seu Rei e senhor, que humilde vem em volto em palhas numa simples manjedoura. O Rei nasce pobrezinho, faz a opção de assumir nossa humanidade e torna-se um de nós, por Amor a todos nós. Eis nossas núpcias diante de Deus que desposa nossa humanidade.

Celebramos entre 24 e 25 o Natal do Senhor. Céu e terra se abrem ao mistério miraculoso da encarnação do Verbo de Deus entre nós. É a divindade assumindo a condição de suas criaturas. É Deus que se faz homem para redenção dos homens. A igreja toda celebra o mistério de nossa redenção, de nossa salvação. Na solenidade do Natal celebramos o nascimento do Filho de Deus no meio de nós, "na humildade da natureza humana" e na pobreza da gruta de Belém, nos traz o dom de uma vida nova e divina. Celebrar o Natal é celebrar o Sol da Vida, que nos ilumina com Sua graça salvadora. É a Luz de um novo tempo que nasce em nosso coração e deseja fazer morada definitiva em nós. São Leão Magno, em seu “Sermão de Natal”, escreve: “O Natal do Senhor não se apresenta a nós como lembrança do passado, mas o vemos no presente”. Fazemos memória presente do nascimento de Cristo em meio à nossa frágil humanidade. Natal não é festa de uma ideia, mas é a festa que celebra a nossa salvação. A Festa do Natal é o ponto de partida para nossa salvação realizada por Cristo.


O QUE É A OITAVA?

Infelizmente a maioria dos católicos não sabe da importância da “Oitava de Natal”, bem como da Oitava da Páscoa. Como essas duas Solenidades litúrgicas são as mais importantes do Ano litúrgico; pois marcam o Nascimento e a Ressurreição de Jesus, a Igreja prolonga as suas celebrações por oito dias. Com que intenção? Oitava tem dois sentidos no uso litúrgico cristão. No primeiro, é o oitavo dia após uma festa, inclusivamente, de forma que o dia sempre caia no mesmo dia da semana que a festa original. A palavra é derivada do latim octava (oitavo), com "dies" subentendido. O termo é também aplicado para todo o período de oito dias, durante o qual as ditas festas passam a ser observadas também.

Assim tem-se com a celebração das oitavas a intenção de que “o tempo especial de graças” que significam a Páscoa e o Natal, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.

Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.

As mesmas graças e bênçãos do Natal se estendem até o final da Oitava. E neste período a Igreja acrescenta a celebração de alguns santos. No dia 26 de dezembro a memória do grande Santo Estevão, o primeiro mártir do cristianismo; para que, com sua intercessão, as graças do Natal sejam ainda mais copiosas sobre nós.

Depois temos a memória dos Santos inocentes que Herodes mandou matar. Eles intercedem por nós com seu sangue inocente. De São João evangelista, o “discípulo que Jesus amava”, e outros santos.

No meio da Oitava, no domingo após o Natal, a Igreja nos leva a olhar e meditar na Sagrada Família de Nazaré. É hora de dizer como a música. “Jesus, Maria e José, nossa família vossa é!”. É o momento de fazer um longo silêncio diante do Presépio e aprender as grandes lições dessa Família através da qual o Salvador quis entrar em nossa história.

Destacam-se o dia do natal com sua oitava, a epifania e o batismo do Senhor. Na epifania, conhecida como festa dos reis magos, celebramos a sua manifestação a todos os povos do mundo. O Batismo de Jesus no Jordão é a sua manifestação, no início da sua missão. Ele, o Servo da simpatia do Pai, destinado a ser luz das nações. É importante resgatar a dimensão pascal do natal. O presépio, as encenações, os gestos e os cânticos do Natal e da epifania devem nos ajudar a celebrar a “passagem” solidária de Deus na pobreza da gruta, na manifestação Jesus aos povos, em Belém, e na manifestação a seu povo, no Jordão. Os ofícios de vigília, com o simbolismo da luz, retomam, de modo especial, o clarão da vigília pascal: lembram o nascimento e a manifestação do Senhor Jesus qual luz a iluminar os que andavam nas trevas. O Rito da aspersão, especialmente na festa do batismo, expressa o nosso mergulho na divindade do Cristo, do mesmo modo como ele mergulhou em nossa humanidade. 

Que todos possamos vivenciar com profunda piedade esses mistérios de nossa redenção na prática da vida fraterna e do amor ao próximo...


VOCÊ SABIA???

A prática da celebração das oitavas pode ter tido suas origens na celebração de oito dias da Festa dos Tabernáculos e da Dedicação do Templo do Antigo Testamento. Porém, o número "oito" também pode ser uma referência à ressurreição, que na igreja antiga era geralmente chamada de "oitavo dia".

Por esta razão, antigas fontes batismais e tumbas cristãs tinham a forma de octógonos. A prática das oitavas foi introduzida pela primeira vez por Constantino I, por conta da festa de dedicação das basílicas de Jerusalém e Tiro, que duraram oito dias. Depois disso, festas litúrgicas anuais passaram a ser observadas na forma de oitavas. As primeiras foram a Páscoa, o Pentecostes e, no oriente, a Epifania. Isto ocorreu no século IV d.C. e indicava a reserva de um período para os conversos terem um alegre retiro. 


O desenvolvimento as oitavas ocorreu vagarosamente. Do século IV até o VII d.C., os cristãos observaram as oitavas com uma celebração no oitavo dia, com poucas liturgias durante os dias intermediários. O Natal foi a próxima festa a receber uma oitava. Já pelo século VIII d.C., Roma tinha desenvolvido oitavas não somente para Páscoa, Pentecostes e Natal, mas também para a Epifania e as festas de dedicação de igrejas individuais. Do século VII d.C. em diante, as festas dos santos também passaram a ter oitavas (uma festa no oitavo dia e não uma festa de oito dias), sendo as mais antigas as festas de São Pedro eSão Paulo, São Lourenço e Santa Inês. A partir do século XII d.C., o costume passou a ser a observância dos oito dias intermediários, além do oitavo. Durante a Idade Média, as oitavas para diversas outras festas e dias santos eram celebradas de acordo com a diocese ou a ordem religiosa.

Secretária Regional de Ação Evangelizadora