O (A) FRANCISCANO (A) E A CONSCIÊNCIA POLÍTICA

Temos assistido inúmeros escândalos na esfera política de nosso país, com envolvimentos em corrupção, participação em fraudes e quadrilhas que desmoraliza a democracia e a política de nosso país.
Estamos Indignados frente às formas criativas e sinistras de desviar os recursos públicos para uso próprio.
Estamos decepcionados quando esperados projetos de governo não chegam ao seu destino final e quando chega serve para se tornarem obscuros projetos para perpetuação no poder.
Ficamos atônicos quando constatamos que o relativismo moral e ético passa a ser usado, até em discursos, como justificativa de atos ilícitos e imorais por parte dos políticos.
Sofremos quando plataformas políticas, que foram construídas em décadas, são desfeitas em poucos dias por pessoas sem caráter, ética e compromisso.
Estamos assustados com os políticos e partidos que não respeita aos limites éticos e morais próprios ou comunitários.
O mau exemplo daqueles que deveriam ser lideres da sociedade, traz conseqüências devastadoras, sendo muitas delas silenciosas por que não dizer escondidas a sete chaves. Com a banalização da corrupção se tornando uma pratica cada vez mais normal, a incoerência dos mandatos, as absolvições incoerentes e sem vergonha dos políticos corruptos, muitos contra-valores começam a assumir uma forma amenizada e passam a transitar no subconsciente coletivo como algo tolerável, aceitável e comum, aumentando assim a força do relativismo moral e ético.
O Cardeal Dom Cláudio Hummes nos alerta ‘’ A corrupção dos políticos é hoje uma das maiores queixas do sociedade’’, o seu impacto deformador escandaliza o povo, desestimula a virtude e fomenta o cinismo e desinteresse da juventude e do povo em geral sobre a política. A Igreja deve ser consciente das graves conseqüências dessa patologia publica e devemos realizar um grande esforço nacional para erradicar a praga da corrupção, que corrói o exercício da democracia e maltrata o povo empobrecido de nossa sociedade.
Atravessamos um momento de grave CRISE POLÍTICA, mas as crises podem configurar-se em pontes para grandes oportunidades que poderá se tornar ocasiões de amadurecimento e aperfeiçoamento das instituições democráticas do país, levando-nos ao comprometimento com a verdade que nos liberta, construindo o Brasil mais justo, solidário, igualitário, livre, democrático e sem corrupção.
Não podemos mergulhar num PESSIMISMO QUE PARALISA, devemos ser conscientes do perigo real que nos ronda, iniciando com esperança e coragem uma mudança de atitude. A sociedade precisa seriamente refletir, dialogar e imediatamente mudar o rumo da atual pratica política em nosso país ou continuaremos a sofrer as terríveis conseqüências. Basta recordar os recentes malefícios e a desestabilização causada pelas ações do crime organizado, que em grande parte é devido à ineficácia das políticas de segurança publica, produto da práxis política vigente.
Alguns tentam reduzir as causas desta crise política atual e explicam com jargões simplórios: ‘’Cada povo tem os governantes que merece’’ ou ‘’Os políticos são o reflexo de cada sociedade’’. É obvio que não existe uma relação tão direta e simples como estas, mas devemos refletir sobre todas as causas da atual e falida pratica política e buscar novas luzes para esta caótica situação existente que é urgente.
COMO CRISTÃO E FRANCISCANOS não podemos se omitir ou permanecer à margem das discurções políticas. Temos que inaugurar uma nova forma de política, devemos ser cooperadores dessa ação renovadora sendo sal e luz para nosso município, estado e país. Jesus nos envia aos confins da terra para anunciar a Boa-Nova. O Papa João Paulo II nos exorta dizendo ‘’ Os fieis leigos (nós da JUFRA e OFS estamos incluídos) não podemos absolutamente abdicar da participação na política, ou seja, da múltipla e variação ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum... Todos e cada um têm o direito e dever de participar da política, embora em diversidade e complementaridade de formas, níveis, funções e responsabilidades.
AS ACUSAÇÕES DE ABUSO DE PODER, o egoísmo, a corrupção que muitas vezes são dirigidas aos homens do governo, parlamento, ou partido político, bem como a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justifica o CETICISMO nem a ABSTENÇÃO dos cristãos e muito menos dos Franciscanos pela coisa publica. Pelo contrario é muito significativa à palavra do Vaticano II: A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao BEM da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, a serviço dos homens’’ (Christifidelis Laici, 42).
REFLETINDO SOBRE ALGUNS PONTOS:
Ao constatarmos que é o nosso voto direto, que confere mandato aos parlamentares e governantes. O que fazemos?
Nós, como sociedade, devemos assumir, no mínimo, uma parcela de responsabilidade sobre os fatos atuais, fizemos escolhas erradas ou deixamos que outros as fizessem. Pior ainda não sabemos e nem procuramos saber como está sendo realizado o trabalho do candidato que escolhemos, se ele realmente está representando os interesse do povo motivo este que o fez está lá. E quando vemos políticos, que faltaram com a ética e foram incompetentes no seu exercício parlamentar ou governamental? Também não fazemos nada! E ainda votamos neles e eles conseguem repetidas vezes se reelegerem, por isso temos que reconhecer que precisamos APRENDER A VOTAR.
Além disso, verificamos que embora haja uma linha comum de desaprovação dos métodos e meios ilícitos usados no meio publico, as formas e intensidade das reações de indignação a esta pratica são bem variadas, alguns poucos (uma minoria) reagem energeticamente, mas muitos outros por que não dizer a maioria se omitem, se isentam (por não gostar de falar de política e políticos) ou simplesmente são receosos por estarem na dependência de certos políticos e/ou partidos vivendo no clientelismo por troca de favores, vendendo seu voto ou pela participação direta nos esquemas de fraudes e corrupção.
Somente num ESFORÇO CONJUNTO conseguiremos mudar esta situação. Por isso toda Sociedade Civil, Escolas, ONG’s, Associações, Igrejas, devem proporcionar espaços para o desenvolvimento de uma educação social, civil e política. Não podemos tratar dessa realidade como um apêndice na vida comunitária, como algo a ser aceito e tolerável, mas dar-lhe a devida atenção e importância e desenvolve-la como um belo e desafiante elemento da existência humana.
Munidos da caridade e humildade de Cristo, devemos refletir, dialogar, estudar, crescendo assim a luz de Deus, como povo maduro no exercido dos seus direitos e deveres civil e cristão. Devemos procurar nas instituições serias, como faculdades, associações, na Doutrina Social da Igreja e em encontros políticos com ‘’homens de boa-vontade’’, subsídios para esta jornada de amadurecimento e discernimento da nossa sociedade.
Estamos nos aproximando de mais um processo eleitoral, onde exerceremos o direito INTRANSFERÍVEL do voto. Podemos iniciar um novo tempo na política. Cada ano eleitoral é um novo tempo de esperança e através de nosso voto escolheremos aqueles e aquelas que nos representaram sendo uma oportunidade real de renovar os quadros podres de nossos políticos atuais que não honraram o voto do povo que o elegeu.
Precisamos nos preparar para este momento social único, onde faremos escolhas que podem definir os rumos da historia de uma geração de todo um país, estado ou município.
Os políticos eleitos serão nossos porta-vozes. Não só falarão por nós, mas definirão e decidirão aspectos importantes das nossas vidas. Serão eles que em nosso nome avaliarão e definirão questões como aborto, eutanásia, família, clonagem, segurança publica, educação, salário, meio ambiente etc. Esta eleição influenciará até o nosso modelo de democracia, por isso uma avaliação criteriosa dos candidatos e suas propostas são imprescindíveis para cada um de nós.
Mudar de conceito e praticas não é sinal de fraqueza ou derrota, mas se feita com seriedade e clareza, manifesta a dinâmica do processo político que trazemos no coração, é preciso, contudo, estar atento para votar bem, isso significa selecionar os candidatos nos quais vamos votar, conhecendo seu partido, sua vida, suas propostas, sua caminhada (atuação), seu trabalho comunitário, sua competência, sua honestidade e sua personalidade.
Queremos um governo com visão e preocupações não apenas imediatas e locais, que obviamente são necessárias urgentes e imprescindíveis. Queremos um governo que apóie os valores familiares, defenda para todo o ser o direito a vida, desde a concepção até sua morte natural.
Temos a incansável missão de inaugurar uma nova cultura política em nossa região, que passa pela democrática e madura participação nos pleitos, que se fortalece na constante e criteriosa avaliação dos mandatos políticos e se renove ao motivar e formar homens e mulheres para o exercício ético e competente do poder público.
Por isso:
Devemos refletir com cuidado e profundidade os candidatos que vamos escolher.
Devemos ser instrumento de formação de opinião para as pessoas que nos cercam.
Devemos Lutar e Rezar por um novo modelo político voltado para o povo de nossa nação.
Que critérios devem usar para escolher os candidatos?
O povo necessita de informações suficientes para um bom discernimento na sua escolha.
Por isso temos que saber:
1. Por que o candidato aspira o poder?
2. Por que querem se manter no poder?
3. Qual a pratica do poder como serviço ao bem comum?
É preciso discernir o perfil ético e as verdadeiras motivações dos que se apresentam como candidatos.Ver sua posição em relação à defesa da dignidade da pessoa humana e da vida, em todas as suas manifestações, desde a concepção até a morte natural. Será que você se lembra do nome do candidato em quem votaram na eleição de 4 anos atrás?
O imenso numero de candidatos dificulta um discernimento mais consciente por parte dos eleitores, por isso a corrupção eleitoral ainda é um problema enraizado no povo, muitos acham natural a troca de voto por algum favor do candidato. Que não é bom esta pratica, pois se ele gasta comprando votos vai querer repor a que gastou usando a maquina para uso próprio e sempre é bem mais do que ele gastou em campanha, devemos ficar de olho.
É preciso instalar uma consciência política iluminada pelo lema inicial da CNBB:
‘’VOTO NÃO TEM PREÇO TEM CONSEQÜÊNCIAS’’, o exercício da cidadania comporta os controles sociais sobre o bem comum, sem esta atitude muitos políticos sente-se confortavelmente instalados em seus interesses particulares e muitos continuam o expediente escuso da compra de votos, apesar da lei 9840 de 1999, contra a corrupção eleitoral.
O compromisso com a constante superação da fraude eleitoral começa com as nossas praticas políticas, é um bom critério para eleger candidatos que ocuparão cargos públicos é não votar em quem oferece algo em troca de seu voto, sempre digo receba, mas não vote nele, pois se esta fazendo o que não deve hoje poderá e vai fazer quando estiver no poder.
Os critérios de escolha devem levar em consideração tanto a honestidade pessoal, quanto a sua trajetória voltada aos interesses do coletivo e não do pessoal.
É preciso prestar atenção em candidatos cujo camuflam interesses particulares e são incapazes de apresentar metas de governo e políticas conscientes que dão estabilidade e dignidade ao povo, são candidatos oportunistas, sem compromisso com o povo, que tem como pratica a compra de votos, sem escrúpulo, prometem favores, por isso que temos hoje grandes lideres políticos hábeis, com longa experiência na arte de enganar o povo, acostumam mal o povo com migalhas, fazendo dele refém, dependentes de esmolas e promessas com benefício imediato, é bom desconfiar desse tipo de candidato, e também os que são sustentados e/ou apadrinhados por políticas vultosas que facilitam a compra de votos, pois eles podem tentar recuperar, de alguma forma o investimento realizado, utilizando-se de privilégios adquiridos no exercício da função publica.
Muitas vezes lamentamos que as coisas vão mal, mas precisamos fazer a nossa parte em torno de um projeto que conduza para o bem. Pois a fé bem vivida tem implicações na política.

Marcio William Alencar de Castro OFS/JUFRA - Secretario Fraterno Regional do CE/PI