TRÍDUO PASCAL



"...Onde há amor e sabedoria, 
não há medo nem ignorância." 
São Francisco de Assis

Amados irmãos e irmãs, paz e bem!
Vivenciamos durante a quaresma um momento de silêncio penitencial, rasgando nossos corações diante de Deus, para que alcançássemos sua divina misericórdia.  Esta só é possível, se também nós assumirmos as misérias de nossos irmãos; se nós também sentirmos com o coração deles. Cristo assim o fez por amor a nós: assumiu nossa condição, assumiu nossas dores; experimentou mais profundamente as misérias que trazemos como mancha do pecado. No domingo de Ramos abrimos as portas para vivenciar a Semana Santa, a Semana Maior. E agora iniciamos o grande mistério que marca e define nossa fé: a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. No tríduo pascal experimentamos a docilidade da entrega plena de nosso Salvador. Vivenciamos os últimos ensinamentos antes da grande entrega altruísta daquele que é o Sumo Bem. Obediente e confiante em Deus, Jesus assume nossas culpas e deixa-se conduzir por Deus Pai pelo caminho do calvário.
Irmãos e irmãs, sejamos nós também obedientes e sigamos os profundos passos de nosso Senhor Jesus Cristo, ao percorrer o itinerário do calvário junto com Ele. A partir deste, deixe-mo-nos moldar pelas graciosas mãos de Deus, que pode transformar nossos corações e tornar-nos novas criaturas, ressuscitadas em Cristo Jesus. Na quinta-feira Santa, entendemos com nosso Mestre o sentido de servir, abaixar-se, ser menor, na doação apaixonada pelo irmão. Na sexta-feira Santa, nossos corações entre trevas e luz, devem morrer para o pecado, especialmente os que nos afastam da misericórdia de Deus; os que nos deixam esquecer que somos nada se não nos ocupamos da causa dos mais pobres e empobrecidos desta terra; que negamos nosso batismo quando não somos Igreja em saída, em missão, aberta ao diálogo e na busca do encontro com o outro, que nos revela a face de Deus. Mas podemos nos encher de um misto de saudade e de júbilo, ao em comunidade fraterna, vigiar em espera pela ressurreição do Cristo, em torno da partilha da palavra e do pão. Podemos nos alegrar no domingo de Páscoa, pois em sua Divina graça e Amor, Cristo nos faz ressuscitar consigo, a fim de que sejamos dignos de alcançar a Salvação pelos méritos de sua redenção.
A todos vocês, desejamos uma feliz preparação para vivenciar os mistérios de nossa redenção durante esse tríduo pascal. Que como Maria e João, o discípulo amado, também permaneçamos nós com Jesus durante o caminhar até o Golgóta; que esse calvário nos faça renascer para uma nova vida. Pela intercessão de São Francisco e Santa Clara, e de nossa padroeira Santa Rosa de Viterbo, descubramos que é no caminhar que se descobrem os desígnios de Deus para nossas Vidas. Feliz Preparação, amados e amadas.
Fraternalmente, Paz e bem!

Secretária Regional de Ação Evangelizadora 


Reflitamos sobre o sentido desses dias com o texto de Por Frei Alvaci Mendes

Três faces de um mesmo mistério: a Páscoa.

QUINTA-FEIRA SANTA (Dia do mandamento novo; do ministério da doação; do Lava-pés) 

Ele, o Mestre, deu testemunho do que dizia, manda amar a todos, ensina que é no lavar os pés: sujos, descalços, pobres, que se identificam os seus seguidores. Que amar aqueles que lhe amam é fácil, mas amar os inimigos, aqueles que comem na mesma mesa sem ser dignos dela, é ser diferente.
Na missa desta tarde-noite, antecipa-se a entrega total na doação eucarística (Última Ceia). Celebramos o amor que se doa, na cruz e na glória. Mergulhamos, portanto, na sublimidade pascal. Tudo nesta Ceia-doação nos leva à descoberta do amor. É nesta missa que se inicia o Tríduo Pascal.

SEXTA-FEIRA SANTA (Amor levado ao extremo; entrega; sofrimento; morte) 

Nossas igrejas se enchem, choramos aquele que morre na cruz, caminhamos lado a lado com o Senhor Morto. É a sexta feira da Paixão. Aquele que ontem havia celebrado a Ceia com os seus, mas que havia sido na mesma noite entregue aos “homens deste mundo”, agora jaz no madeiro.
Contudo, e aqui está a beleza da liturgia integrada como única celebração de vida, adoramos o madeiro e o beijamos porque ele, o madeiro da dor, é sinal de glória. Nele adoramos aquele que viverá, que ressurgirá da morte e nos libertará a todos. Identificamo-nos tanto com Ele neste dia que até entendemos que nossas cruzes diárias são parte de nossa humanidade, e que aceitá-las e tentar entendê-las talvez seja um primeiro passo para a vida nova, que todos buscamos. A cruz lembra dor, mas reforça a certeza da vitória.

SÁBADO SANTO (Saudade; esperança; vigília; luz; Vitória; Vida Nova)

Começamos o Sábado lembrando aquele que jaz no sepulcro. A manhã deste dia ainda é de recolhimento. Mas, fica sempre aquela cepa de certeza, aquele gostinho de esperança que brota do mais profundo da alma.
A tarde chega, a noite cai. É hora da Vigília das Vigílias, como dizia Santo Agostinho, da luz das luzes, do poder da vida sobre a morte. Afinal, ressuscitado e vivo é o nosso Deus. É por isso que esta noite é tão cheia de significados e de símbolos: Liturgia do fogo e da luz; Liturgia da Palavra; Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística. Somos, com Cristo, ressuscitados para uma vida nova;  somos banhados na pia batismal como homens novos, porque “ele vive e podemos crer no amanhã”; somos povo que caminha rumo, não mais a terra prometida, mas rumo ao Reino dos céus; enfim, comungamos aquele que é o Senhor ressuscitado, nossa Páscoa.
Tudo deveria refletir em nós a alegria que estamos sentindo. A Igreja, toda, iluminada pela luz do Filho do Deus Vivo, mergulhada no abismo de tão profundo mistério e envolvida com a missão de seu Divino Mestre, deveria cantar a uma só voz o “Aleluia”, guardado para este momento tão sublime. E lembrar que a partir deste momento, somos com Ele, ressuscitados para um mundo novo, alicerçado na paz, na justiça, no amor, na concórdia e na fraternidade, onde a Eucaristia brilha mais intensamente como lugar de partilha, de comunhão verdadeira e de ação. Não podemos esquecer que somos sinais, do Cristo ressuscitado.

O tríduo termina com a oração das vésperas (tarde) do Domingo de Páscoa, que é o domingo dos domingos, como afirma Santo Atanásio, mas não a culminação de um tríduo preparatório, e sim a reafirmação da Vitória, já celebrada na grande Vigília do dia anterior.
O maior tesouro da liturgia está nestes três dias, nos quais recordamos a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Nosso Senhor. O tríduo pascal é a celebração mais importante na vida da Igreja, na há celebração, em ordem de grandeza que se possa colocar em seu nível. Assim, estes três dias são o centro não só do ciclo da Páscoa como tal, mas também de toda a liturgia e de toda a Igreja.Que possamos celebrar bem estes dias e que a certeza do Senhor que Vive e Reina, seja a maior das certezas de nossa vida cristã. O mistério pascal que celebramos nos dias do sagrado tríduo é a pauta e o programa que devemos seguir em nossas vidas.

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FONTE: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.


Secretária Regional de Ação Evangelizadora